Para se empreender é necessário ter um sonho e ousar. Dez mandamentos são básicos nesta caminhada
Um projeto muito interessante e significativo, focado no empreendedorismo, acontece também em nosso país. Chama-se 10,000 Women e objetiva, com o apoio do Banco Goldman Sachs, formar dez mil eempreendedoras. Mulheres com histórias de superação, oriundas de países pobres e emergentes. Participo dele através da Fundação Dom Cabral
Faz parte do programa a asssessoria e acompanhamento da elaboração do projeto empresarial dos seus negócios. Este projeto é desenvolvido durante os sete meses de duração do 10,000W. Como um dos seus professores, as tenho apoiado na sua concretização. Tal experiencia propicia-me acompanhar, bem de perto, a garra e o entusiasmo com que nele mergulham.
Estar junto a esta experiência transformadora de vidas, sugeriu-me redigir, de forma simples e didática, aqueles que sinto serem os dez pontos fundamentais de atenção para as empreendedoras. Mesmo tendo sido escrito para elas e a partir daquilo que vivenciam sintam-se, mulheres e homens empreendedores de toda parte, com liberdade para também se apropriar desse balanço. Ei-lo:
1 – Sonhar grande. Ter no seu empreendimento o grande sonho da vida. O sonho mostra a direção a ser seguida. Mais do que isto, oferece o significado maior daquilo que se realiza. Mas nao adianta sonhar só. Poderá virar mera alienação. Há que se compartilhar daquilo que se almeja. Todos os envolvidos e aqui destaco principalmente os empregados, necessitam saber do que se sonha. Será na medida em que se sintam envolvidos naquilo que a empreendedora acalenta, que terão no empreendimento razão para motivo e compromisso.
2 – Acreditar em si mesma. Nada se parece mais com uma demolição do que o começo de uma construção. Haverá horas nas quais a empreendedora olhará o seu negócio e o verá confuso. Sentirá medo e até desânimo. Irá inclusive se perguntar se acaso está seguindo na direção correta. Logo levantará a cabeça. A empreendedora acredita profundamente em si mesma e haverá de buscar forças no mandamento primeiro, seu sonho grande, para seguir adiante. Cuidado porque acreditar em si mesma não quer dizer que se colocará fechada a opiniões e apoios externos. Ao contrário, a líder empreendedora está sempre aberta a escutar.
3 – Conhecer-se profundamente. A empreendedora é alguém que se conhece muito bem. Tem consciência plena dos pontos fortes e mais ainda, é sabedora dos seus limites, os terríveis calcanhares de aquiles. Aqueles comportamentos, habilidades e atitudes nos quais necessita investir, para se tornar ainda mais eficaz no futuro. Saber rir de si mesma, tolerar-se e exercer o auto perdão são características da empreendedora que se conhece bem. Conhecer-se profundamente é também se respeitar e respeitar o outro.
4 – Saber ler os sinais do ambiente. Empreender com sucesso é estar sempre, no mínimo, uma quadra à frente dos concorrentes. Para que possa se posicionar assim, a competência da sutil percepção de “para onde soprarão os ventos” é básica. A empreendedora, em relação aos homens, possui um detalhe que muito pode auxiliá-la: a intuição. Mas aqui cabe também o cuidado. Intuição pura e simples é mera aventura. A empreendedora é audaz, o que significa que, ao contrário da aventureira, não se lança adiante sem planejamento e estudo. A audácia e não a aventura é que faz parte do rol de ferramentas de bordo da empreendedora.
5 – Estar aberta à reinvenção. A partir da interpretação dos sinais dos tempos é necessário se tomar decisões e bem poderá ocorrer que estas dirão respeito às mudanças e inovações. A empreendedora está sempre com os olhos focados no amanhã, mas com os pés firmes na terra. Tal postura impedirá que suba voando, pendurada a balões ilusórios, ficando sem base, perdendo aquilo já construído. Reinventar-se é não ter medo do novo, saber que dirigir somente com a visao no retrovisor provocará acidentes, mas que não se olhar também o caminho percorrido é arriscado. Reinventar-se é possuir um viés para o erro. Tê-los como forma de aprendizado. Aprender com eles, para que não mais se repitam no futuro.
6 – Negar-se a ter mão de obra. A empreendedora lida com gente, seres humanos que ajudam na construção do seu sonho. Evitará ao máximo trabalhar com mão de obra, termo a ser evitado eis que, inclusive, é politicamente incorreto. Mão de obra é incompetente. Ela foi adestrada para não pensar e muito menos refletir. É incapaz de agir por conta própria. Tem pavor da palavra autonomia. Quem trabalha com pessoas assim, jamais conseguirá que se motivem e muito menos se comprometam com o sonho de se empreender algo de sucesso. Empreendedora eficaz não se envolve com aglomerados, bandos, ou mesmo grupos de empregados. Forma equipes investindo forte em sua educação, tornando-as a cada dia mais empoderadas e autônomas.
7 – Cercar-se de gente boa. A ousadia da empreendedora irá lhe demonstrar que mais do que ter gente boa à volta é fundamental que essas pessoas sejam ainda melhores do que ela. Sim, não se pode ter receio da competência. A empreendedora que contrata profissionais ainda mais capazes do que ela estará criando linda espiral virtuosa. Fará da sua empresa um lugar mais competente. Ao contrário, buscar gente limitada (como costuma acontecer por aí) gerará fatídico círculo vicioso, fazendo com que a organização vá, pouco a pouco, piorando. Agora, se o seu sonho não prevê o crescimento e o desenvolvimento, caso só esteja prevendo a manutenção do negócio, envolva-se com gente boa igual a você. Eles farão com que as coisas sigam normalmente. Pelo menos até a hora em que chegar a crise. E esta um dia sempre chega. Só que nesse caso você não estará sendo autêntica empreendedora...
8 – Nao ser mais uma na multidão. Saber diferenciar-se é ter a sensibilidade de perceber o que encantará seus clientes e investir firme, cuidando para que a percepção que o mercado tenha de você, considere este seu aspecto diferenciador. Atenção porque a diferenciação não deverá ocorrer somente em relação ao público externo. É fundamental, para que tenha um corpo de colaboradores integrado e comprometido, que também eles sintam que o negócio possui diferencial de cuidado e reconhecimento para com eles.
9 – Possuir um projeto empresarial. Mantê-lo atualizado a partir da estratégia que tenha definido para o seu futuro. Estar atenta para revisá-lo sempre que necessário. Ter clareza do caminho a ser trilhado. Possuir à mão um painel de comando através do qual possa acompanhar, on line, seus itens de verificação e controle relativos a finanças, controle, processos, marketing e gestão de pessoas. Tal ferramenta propiciará não só a manutenção, mas, principalmente, o aumento da competitividade.
10 – Liderança. A empreendedora é a grande líder do negócio. Ela delega, mas sabe que será sempre a grande responsável, por tudo que ocorra na sua organização. Assumir a liderança é inspirar as pessoas, mantê-las comunicadas e principalmente reconhecê-las, não se omitindo a dar e receber feedback. Liderar é cuidar de gente. A líder não é chefe. Este tinha dois verbos básicos e superados: mandar e obedecer. Tais comandos não mais são capazes de gerar compromisso e entregar resultados. A líder incentiva e mantém a equipe, caminha junto, dá e recebe confiança, gera orgulho de se pertencer ao time. É assertiva, não fala demais e nem de menos. Cala-se no momento exato, para que as pessoas possam assumir seu protagonismo, respondendo àquilo ao qual são, por ela, convocados.