Fernando Cyrino
O mercado de trabalho se reaquece. Estarão os profissionais disponibilizados quando da crise prontos para retornar? O que aprenderam? O que trarão de diferencial após terem passado pelo desligamento?
Não é mais apenas uma perspectiva. Está já bastante claro para todos que a economia volta a trabalhar com seus motores aquecidos. Desde o cartaz à porta da farmácia pedindo balconistas e operadores de caixa, à passada de olhos nos jornais e sites de ofertas de empregos se vê claramente que novas vagas estão sendo abertas e isto é algo que realmente merece ser comemorado.
Cabe a pergunta. Haverá gente preparada para preenchê-las dentro do nível de expectativa – que cada dia é mais alto - existente nas organizações? A resposta a essa questão engloba dois aspectos sobre os quais vale refletirmos.
Primeiramente vejamos a questão pelo lado organizacional. A realidade mostra que não existe candidato ou profissional ideal. Por definição a palavra ideal é inatingível, mas o que ocorre é que ao vermos os perfis dos profissionais pedidos (principalmente aqueles para cargos de liderança ou de trainees), acabamos por ter a impressão de que se buscam “super homens, ou mulheres maravilha”. Seres que têm domínio de quase infinitas competências. Tantas que se forem exercê-las todas haverá de faltar tempo para viverem. Será que dá para conviver e trabalhar com um ser humano assim tão perfeito? Aliás, essa é outra palavra utópica. O perfeito acaba se tornando aquele chato de galocha ao qual damos o nome de perfeccionista.
Seres humanos têm dons logo reconhecidos e têm também pontos que ainda necessitam serem desenvolvidos. De fato, no nosso tempo de vida é impossível que se desenvolva todos. Daí a importância e grande riqueza da equipe. Contratando-se o grande craque, perfeito em todos os “fundamentos” do negócio haverá espaço para o trabalho em grupo no qual todos vão somando suas competências e se suportando (aqui no sentido de serem suportes) nas suas fraquezas?
Já do lado do profissional que tem a expectativa de concorrer às vagas oferecidas, há que se ponderar se está mesmo buscando com afinco a sua formação. Desligado da organização anterior, permite-se até que viva um tempo para curtir o luto da perda, mas que seja curto. E mais ainda, que seja reflexivo e gerador de aprendizado, o que é o mesmo que dizer que deverá lhe mostrar os porquês de ter sido preterido . A crise é dura com todos, mas principalmente com aqueles que não desenvolveram em alto nível as suas competências. Permanecer o período disponível apenas enviando currículos e prospectando o mercado é muito pobre. É realmente muito pouco.
Buscar ler (e mais do que ler, estudar) os últimos e melhores livros ou artigos referentes à sua área de atuação pode ser algo que vá fazer a diferença logo à frente. Não deixar também, caso surja esta oportunidade, de fazer cursos de atualização, participar de grupos de discussão ( a Internet está cheia deles). E, mais ainda, discernir se, quem sabe, o fato acontecido não tenha sido a sinalização de que é chegada a hora de ampliar os horizontes e também se preparar para potenciais áreas afins às competências principais que se possui.
Retornarão em melhores condições ao mercado de trabalho, o que equivale dizer também que mais preparados para “tsunamis e grandes marolas do futuro”, os profissionais que não se contentaram com o que já dominavam, mas que usaram o tempo de disponibilidade para crescerem em busca de maior excelência como seres humanos.