Fernando Cyrino
Para transformar o RH do simples tocador das funções usuais do dia a dia, tornando-o uma área respeitada de gestão estratégica das pessoas e bem alinhada com o Planejamento Estratégico, é necessário tempo, suor, competência e coragem.
A gestão estratégica de pessoas é vista por vários profissionais da área de Recursos Humanos como a grande panacéia do momento. Todos querem gerir estrategicamente as pessoas nas suas empresas e por isto, muito se tem falado e escrito sobre ela. Gestão estratégica dos recursos humanos é aquele remédio generalista que é só tomar e pronto: o RH não mais será visto como um “departamento de pessoal” melhorado. Aquela gente que além de contratar e demitir tem o costume de fazer também algumas coisinhas como treinamentos, que cuida da relação com o sindicato e concede – por ordem da Diretoria - aumento a um e outro empregado .
Que bom seria se fosse tão fácil e simples, mas gerir estrategicamente as pessoas numa empresa ou organização não é assim. É tarefa complexa para a qual não basta o RH ter em mãos uma diretriz assinada pelo presidente, nem que haja a vontade do diretor, gerente ou de alguns especialistas da área para que tal aconteça. O apoio e comprometimento da alta administração numa mudança como esta é fundamental, mas não é o bastante. Para transformar o RH do simples tocador das funções usuais do dia a dia, tornando-o uma área respeitada de gestão estratégica das pessoas e bem alinhada com o Planejamento Estratégico, é necessário tempo, suor, competência e muita coragem.
Os variados artigos e livros sobre o assunto dão grande ênfase à parte técnica da mudança e, ao lê-los, é comum que se fique com a impressão de que é bem fácil realizar esta transformação, bastando para isso apenas seguir os pontos listados. O “buraco é mais embaixo”, como se costuma dizer quando temos a impressão de que alguma tarefa, que a princípio nos pareça simples, é no fundo bem mais complexa do que imaginávamos.
Não se freia e se muda a direção de um automóvel que viaja a
Esta transformação do RH não se dá em menos de um ano e, mesmo já acontecida internamente, haverá outro tanto de tempo para que a organização, como um todo e de forma sistêmica, dê crédito à nova gestão de pessoas que se inicia.
Tomada a decisão de mudar, é necessário um grande comprometimento da equipe dos recursos humanos para que aconteça a sua transformação. Ela se dá de dentro do RH para fora e não o contrário como se costuma pensar. Durante este período da mudança, o RH antigo terá que trabalhar em dobro e aqui vai uma notícia no mínimo complicada: geralmente essa jornada dupla não é muito reconhecida pela alta administração. Deve-se dar prosseguimento ao que já é feito normalmente – recrutar, pagar, cuidar dos benefícios, desligar, atender os sindicatos, fazer exames médicos, atuar para que não haja acidentes do trabalho... Será aí, na melhora dos resultados do que já está acostumada a fazer, que a área se gabaritará perante toda a organização (desde o conselho, passando pela diretoria, até o mais simples empregado) para assumir maiores, novas e diversas responsabilidades. No caso de se ter a equipe de recursos humanos desmotivada ou descrente dos ganhos que ela, primeiramente, e toda a organização depois, terá com a mudança, será melhor nem começá-la. A organização estará jogando dinheiro fora e dificultando mais ainda o futuro, visto que terá aumentado o descrédito quanto à possibilidade de mudanças em RH.
Saiba mais no artigo “Competências necessárias para a transformação do RH”.