No Eneagrama as pessoas do Tipo Sete são as mais alegres. Estão sempre querendo se divertir, bem como também alegrar os que estejam por perto. Vivem a planejar as coisas e dsta maneira acabam tendo dificuldades em se situar no presente. O pecado de raiz que as aprisiona é a gula. No texto refletimos sobre algumas características dessa gente no seu dia a dia.
As pessoas do Tipo Sete são inquietas. Vivem em constante movimento. Gostam de ver o mundo pelo lado positivo e costumam não perder piada, mesmo que ela deixe constrangida alguma pessoa. É gente tremendamente otimista. Por conta desse perfil gozador e “de bem com a vida”, não é raro que se ouça, de pessoas que começam a caminhar no Eneagrama, a expressão da vontade de pertencer a este time. “Como queria ser assim, eles não têm problemas!” Dizia-me uma pessoa ao tomar conhecimento do Eneagrama.
Eles costumam estar sempre cercados de gente. Um bando de ouvintes ávidos pelas suas criativas e interessantes histórias. Sem dúvidas que são excelentes contadores de caso. Sabem entreter e fazer rir às suas plateias. Os do Tipo Sete se tornaram os grandes mestres do desfrute. São, no círculo do Eneagrama, os seres mais competentes para surfar em todas as ondas do prazer que se lhes apresente. E se por acaso elas estiverem ocultas, saberão onde procurá-las. Adoram fantasiar e costumam serem bons nisso. O jeito leve e bonachão que apresentam deixa à vontade as pessoas.
Os que se encontram ainda em estágio inconsciente podem mesmo se iludir com essa impressão de felicidade e de competência na arte do bem viver. Por conta disso eles acabam se achando bem melhores e maiores do que realmente o são. Quando o olhar se torna mais acurado, é bastante provável que a coisa possa mudar de figura. Na verdade, o que costuma apresentar ao mundo, nada mais é do que uma imensa e feérica fachada.
Só que aquilo que está contido atrás dessa frente imponente, bem provavelmente, irá se mostrar incompatível com a primeira impressão havida. “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”, diziam os antigos. Tal ditado pode servir para demonstrar essa falsa impressão causada pelos Sete.
Verdadeiramente, quando pouco trabalhados são fúteis e superficiais. São caçadores vorazmente à procura de sensações prazerosas e, como estão vivendo ainda inconscientes de si mesmos, não costumam medir esforços para alcançá-las. Tal comportamento poderá levá-los mesmo ao uso e manipulação das pessoas. Não é por acaso que a gula, sua paixão fundamental, se posta bem vizinha à luxúria.
Trata-se de gente bem imatura quando ainda não atingiu bom nível de desenvolvimento. Por isto se costuma dizer que o Sete sofre da “síndrome do Peter Pan”. Vai agindo pela existência como se fosse eterna criança a usufruir do playground do mundo. Está sempre, gulosamente, em busca de brincadeiras e da satisfação de suas insaciáveis carências.
Não também por acaso, as pessoas do Tipo Sete costumam relatar uma facilidade muito grande de interação com as crianças. É como se os pequeninos fossem possuidores de um radar, programado para a busca de energias semelhantes às deles e, como os Setes têm muito desse jeito de quem ainda precisa crescer, elas logo estarão lhes abrindo um sorriso.
O Sete está no Centro Racional e os Tipos aí postos são regidos pelo medo. Este sentimento, que ele tenta camuflar ao máximo, está sempre “ligado” lá dentro dele e, para que, como no Tipo Seis, não o envolva totalmente, envidará bastantes esforços na tentativa de dispersá-lo pelo ambiente a partir das brincadeiras, sorrisos e das mudanças de assuntos, sempre variados, capazes de entreter gente de todos os gostos, na medida em que espalhem também os seus receios, diluindo-os.
O Sete é pessoa de bom “networking”. É gente de muitos contatos. Conhece todo mundo, mas isto não significa que seja amigo delas. É mestre em postar um sutil limite, para não deixar que haja uma aproximação maior das pessoas. Por isto, amigos mesmos ele geralmente possui poucos. É que quando as relações de amizade começam a se aprofundar, o Sete, ainda não redimido tende a se afastar, eis que a intimidade também lhe é causadora de medo.
Esse medo que ele asperge no ambiente e que costumeiramente vem com sinal trocado, aparentando leveza e mesmo intrepidez e coragem, traz escondido, bem lá nas suas profundezas, uma tremenda dor. O medo visceral do Sete é o temor do sofrimento. A simples possibilidade de a dor surgir lhe é algo que sente como apavorante. Por isto será preciso envolvê-la, com bastante cuidado, em bastante papel de presente, preferencialmente bem colorido.
Esta dor, os Tipos Sete costumam comentar, aconteceu de maneira real algum dia da vida intrauterina, durante o parto, ou logo após o nascimento. Foi sentida por eles como um sofrimento tamanho que passarão a vida inteira, mais que fugindo dela, tentando escapar de tudo àquilo que possa ao menos lhes lembrar da possibilidade de sua chegada.
Enquanto o Tipo Seis exagera os aspectos negativos da existência devido ao medo, o vizinho Tipo Sete age exatamente ao contrário. Ele expande ao máximo a visão otimista e positiva da vida com objetivo bem similar: domesticar, prender, ou ocultar o mesmo medo tão temido.
Lá na profundeza das coisas pode estar escondida a dor e por isto será sempre bom permanecer o mais próximo possível da superfície. No raso se pode perceber com mais clareza a realidade, ele raciocina. Por isto se mantém bebendo daqui e dali em pequenos e ávidos goles, evitando se acostumar e acabar se fixando em alguma água. Mais do que experimentar a floresta em seus detalhes vivenciando-a a partir do chão, costumam optar por observá-la amplamente e do alto, como se pilotando um helicóptero.
São bastante generalistas, curiosos gostam de saber de tudo. Sabem um pouco de muita coisa, mas preferem que não lhes seja pedido para não se aprofundarem naquilo que aparentam conhecer. Palpiteiros em excesso. Tem sempre uma opinião, um detalhe, ou um caso a contar sobre qualquer assunto. Mas não se lhes exija profundeza... Estão sempre se encantando com algo, para logo em seguida desencantar-se e partir em busca de novo encantamento lá adiante.
Quando o Sete começa a se prender em algo e consegue permanecer firme naquilo que gostou, mesmo que tal coisa não mais lhe seja capaz de provocar sensações prazerosas, é sinal de que tenha iniciado o processo de crescimento. É que quando, como pessoa, ainda se encontra pequeno, ele não consegue se prender por um tempo razoável em algo, por melhor que seja. Logo se cansa, partindo para coisa nova, que lhe ofereça a experiência de diferentes e novidosas sensações. Tal processo poderá ocorrer em qualquer cenário da vida: espiritual, afetivo, social, profissional, etc.
O problema do Eneagrama para o Tipo Sete é que ele não lhe apresenta a proposta de se permanecer no raso da vida. O projeto oferecido é o de se ir o mais fundo possível dentro de si. Só que a realização de tal viagem lhe colocará, com certeza, em contato com aquela dor primordial tão apavorante, da qual tanto busca fugir.
Por isto, devido a essa dificuldade em se aprofundar nas coisas, não é usual que os encontremos mergulhando nas águas dessa experiência. Podem até experimentar o Eneagrama (e se encantam) por um ou dois finais de semana. Aí pesquisarão na internet, adquirirão uma gama de livros, mas não significará que os degustarão. Passará um pouco de tempo e vislumbrarão a proximidade da dor. “Trata-se de lugar perigoso. Melhor cair fora”. Alguém do tipo me disse uma vez.
Vivem buscando absorver toda a energia presente à volta. Esse viver sugando tudo que lhes pareça ser causador de prazer e alegria e que vão amontoando dentro deles, não significa que irão cuidar daquilo que foi captado. São descuidados com o seu interior. Mais ainda, eles costumam ser bem alienados de si mesmos, o que carrega o significado de que se enxergam de maneira bem distinta (mais positiva) daquela como são vistos.
Racionalizam tudo. Até mesmo os sentimentos. Essa grande capacidade de racionalização os faz justificadores de qualquer coisa de qualquer ato. Para tudo são capazes de arranjar desculpas razoáveis. Como apresentam facilidades com o uso da palavra e costumam ser convincentes, terminam por se safar dos problemas nos quais se veem metidos.
Por serem peritos justificadores a tarefa de lhes chamar a atenção não se configura em algo simples e fácil. O Sete terá na ponta da língua uma série de argumentos para explicar a sua “razão”. Além disso, estará olhando para aquele que tenta repreendê-lo com um sorriso nos lábios, que o interlocutor poderá não saber traduzir se é de ironia, sarcasmo, ou mesmo de concordância com o próprio erro. Na verdade, como o são também as crianças, tendem a ser bem complacentes com seus atos impróprios e os tropeços.
Brinca demais, nenhum tema lhe é proibido. Por isto não é nada raro que cometa excessos e inconveniências com brincadeiras fora de hora Quando pega alguém para bode expiatório, coitado dele. É que o Tipo Sete tem dificuldades com limites, não costumando perceber que “a linha tenha acabado” e ele deve parar.
O Sete faz hora com a cara de todos. Goza todo mundo, mas sente grande desconforto quando lhe fazem o mesmo. Como toda criança se melindra facilmente fazendo um grande bico. Nessas horas é bastante provável que irá nos mostrar a sua face, no mais das vezes oculta, da raiva, agressividade e violência.
Quando toma consciência da dor e da superficialidade em que está metido, o Tipo Sete dá início à sua escalada de crescimento. Torna-se alguém muito diferente daquele ser humano inconsciente que parece viver para brincar e ter prazer. Ao invés de focar o que está fora, irá deixar, aos poucos, a cabeça. Cheio de coragem, eis que tal movimento o exporá à dor, abrirá mão da sua razão e se fará mais coração. Sua ação será então mais séria e continuada. Estará carregada de sentido e de significado.
Na vida profissional o Tipo Sete, quando ainda em estágios mais inconscientes, será alguém necessitado de supervisão próxima. Deixado livre nessa fase imatura é provável que trate os problemas de maneira superficial. Essa sua pouca habilidade com as dificuldades, fará com que só queira se envolver com os aspectos mais prazerosos do trabalho. É provável que se descuide e deixe se acumularem aqueles outros mais espinhosos e que requeiram confrontar-se com outras pessoas, o que ele não gosta.
Quando crescidos interiormente eles são ótimos para planejar e programar os projetos e as ações. Sabem trabalhar em equipe e são competentes para mantê-las com astral positivo, motivadas e comprometidas. Exercem a liderança de maneira leve, dando espaço para que os outros também se desenvolvam.
O Sete consciente adquire o dom do discernimento. Crescido ele sabe, como poucos, fazer as escolhas certas e persevera naquele caminho escolhido, mesmo que apareçam (e elas um dia irão aparecer) as dificuldades.
Quando está redimido ele tende a desenvolver uma relação bem bonita e profunda com a natureza. Estará atento tanto às pequenas, quanto ás suas imensas maravilhas e as defenderá contra o seu mau uso por parte da humanidade. A gula pelo prazer dará lugar a um estilo de vida mais simples e em contato com a Terra. Verá o mundo como obra deslumbrante de Deus e dará graças a Ele pela maravilha da criação.
O Sete redimido sairá em busca do outro, não como muleta para as brincadeiras, mas como verdadeiro e solidário amigo. Ele se tornará ser compassivo e muito generoso. Saberá se colocar no lugar do outro e não mais será complacente justificador dos seus atos. Sua alegria se tornará mais comedida, o que nesse caso terá o significado de ser mais profunda e intensa.
Enquanto o Sete inconsciente é dono de uma vida espiritual minúscula, bastante rasa mesmo, quando bem desenvolvido ele adquire intensa vida interior. Aquele deus pequeno e superficial, meio infantilizado, que vivia em sua cabeça até então, se transforma. A face de Deus que o Sete redimido nos oferece é a de um Deus alegre e compassivo. Deus se mostra como na imagem do Pai Bom e Misericordioso: sempre pronto a acolher os filhos para lhes “colocar o anel no dedo, fazer festa, dar enfim Amor, realização e felicidade.
A partir de tudo que representa o Tipo Sete, busque refletir sobre a paixão da gula. Essa voracidade pelas sensações que o ilude. Unidos pelo círculo possuímos tudo de todos. É fundamental que nos observemos mais no intuito de verificar, com abertura de coração, como o pecado do Tipo Sete se manifesta no tipo do qual faço parte. A sombra da gula, de alguma forma, tem me convidado para que faça abrigo sob ela.
Busque ler e reler o texto para realmente se apropriar do sentido mais profundo do que nele está contido. Para ajudar na sua reflexão há algumas perguntas postas em seguida. Use-as tanto quanto possam ajudá-lo na caminhada e deixe-as de lado caso sinta não serem pertinentes para o conhecimento de si e seu crescimento pessoal e espiritual.
- Tenho gula de quê?
- Como se manifesta na vida diária essa minha gula?
- De que maneira ela ajuda, ou prejudica os outros?
- Como lido com a minha gula?
- A maneira como me vejo é semelhante àquela sob a qual sou visto?
Anoto minhas observações no caderno do Eneagrama.
Faço o NER.
Resumo:
Pecado de raiz: Gula
Armadilha: Planejamento
Mecanismo de defesa: Racionalização
Autoimagem: Sou feliz
Convite: Viver a realidade
Fruto do Espírito: Sobriedade